domingo, 16 de março de 2008

POEMA REMEDIADO

Nem tenho automóvel.

Sou um atleta.


Todos têm muitas coisas,

lindas e caras:


Mármores,
residências exuberantes,
extraordinárias ourivesarias

explodindo de diamantes,

magníficos turbantes

a tapar o que não conseguem
ser.

O pouco que tenho
transcende no máximo que

me assiste:


O delírio de olhar
por uma janela
e compreender o dourado

do amanhecer.


Visto isto olho para tudo
o resto
desde este alto nebuloso
de extravagância

e ocorre-me a única presunção

possível.


Lembrem:


Sou um atleta
e não é preciso ter automóvel
para se ir até
ao pé da última galáxia,

ou pedir boleia

ao primeiro cometa que apareça.

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