terça-feira, 25 de março de 2008

MAR DO POEMA

O primeiro mar é duma
água
já muito conhecida,

uma

enxurrada

de sementes líquidas
armazenadas com as mãos
ávidas,
vitais a quem queira
permanecer uma
nuvem
discreta,

apesar de tudo
o que existe continuar

a suceder.


O mar é,
ao mesmo tempo,
um íntimo e contínuo

firmamento
.

A
poesia
é,
como o
mar,

uma carne líquida
que nos veste interiormente
e sempre da mesma forma,
libertando louca,húmidamente,

tudo
o que é sólido no
corpo

e entristece.


Só a
poesia

é a gota de
água

que permite fugir a tudo,
transfigurada em
mil estátuas amadas,
que olhamos sempre

espantados.


Só a
poesia

nos
leva verdadeiramente
até o que é

a genuína alma
do
mar
,

até que sobrevenha
o
silêncio

completo.

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