quinta-feira, 17 de julho de 2008

Aquele que for realmente bom nunca poderá estar infeliz.
Aquele que for realmente sábio nunca poderá estar confuso.
Aquele que for realmente corajoso nunca terá medo.
O sábio não se aflige por não ser conhecido pelos homens; ele se aflige por não os conhecer.
Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam.
Escolhe um trabalho que ames e não terás que trabalhar um único dia em tua vida.
O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros.
É mais fácil vencer um hábito hoje do que amanhã.
O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com as suas acções.
Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.
A virtude da humanidade consiste em amar os homens; a prudência em conhecê-los.
Aquele que estima
mais o ouro do que a virtude há-de perder ambos.
A única maneira de não cometer nenhum erro é não fazer nada. Este, no entanto, é certamente um dos maiores erros que se poderia cometer em toda uma existência.
O homem distingue-
se dos outros seres pelo seu sentido de justiça.
O silêncio é um amigo que nunca trai.
O caminho da verdade é largo e fácil de descobrir. O mal está em que os homens não o procuram.
A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros.
Não são as más ervas que sufocam o grão. É a negligência do cultivador.
Ser ofendido não tem importância nenhuma, a não ser que se continue a lembrar isso.
Um jovem em casa deve amar os pais e fora dela respeitar os velhos. Deve ser discreto, mas, ao mesmo tempo, falar com convicção quando fôr necessária a sua acção; deve amar todos os homens sem distinção e alegrar-se com as pessoas de bom coração. Se assim se portar terá as condições para se governar
bem a si e aos outros.
Se tiveres acesso à fama comporta-te como se estivesses recebendo um hóspede; se estiveres no governo de um povo comporta-te como se estivesses pronto a oferecer um grande sacrifício.
Para onde quer que vás vai todo, leva contigo o teu coração.
Não suponhas ser tão grande ao ponto de pensar e ver os outros menores que tu.

Confúcio

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quarta-feira, 16 de julho de 2008

"Pouco conhecimento faz com que as criaturas se sintam orgulhosas.
Muito faz com que se sintam humildes.
É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu,
enquanto que as cheias a baixam para a terra, sua mãe".

Leonardo da Vinci

quinta-feira, 19 de junho de 2008

INFINITO


Como te amo,
poesia.

Poesia,
se não fosses tu

o que seria?


miguel martins
2008

segunda-feira, 2 de junho de 2008

PEQUENAS POEMITOS

(pequenos poemitas)

um

Quantos poemas fiz
de cigarro ao canto
da boca;

agora não há cigarro,
mas há poema e cada vez
maior,

a voar.

dois

Até porque tem sido
pouco o tempo contemplado
à divagação


três


Tenho andado amarelo
sem cigarro nem poluição
e pulmões, quem os tem
sabe-o!

Quando não digo-vos:

quatro


Porque hão-de os poemas
ser grandes?

Não o são os anões
e os ditirambos.

Também os poemas podem
não ser.

Ou ser não.

Ponto e vírgula,
apesar de supostamente ponto
final.



miguel martins

quinta-feira, 8 de maio de 2008

IRMANDADE



Quero beber a
água
de outros
poetas

e a
sede
de transparência
que ela alimenta.

Quero aprender a girar
com os seus lentos

movimentos

e a cair
com a leveza
com que se
conseguem abater
por sobre as
folhas.

Quero beber
a sua
poesia toda
e saber o porquê
de tanta
alquimia,

tanto excesso
do que é sereno
e é tanta
maravilha.

Sei que tudo provém
de uma
luz
e que todos poderiam,

se muito para dentro olhassem,
chegar a esse
sorriso rasgado,

ao mesmo tempo

uma lâmina
bendita.


miguel martins






Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.



Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.



Quer pouco, terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.



Nunca a alheia vontade, inda que grata,
Cumpras por própria. Manda no que fazes,
Nem de ti mesmo servo.
Niguém te dá quem és. Nada te mude.
Teu íntimo destino involuntário
Cumpre alto. Sê teu filho.

Fernando Pessoa



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade