sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ESTÁTUA



(poema vertical)

Alta.

Nua.

Esguia.

Figura.

Os olhos.

Presos.

Na sua.

Transparência.

Insinua.

A lua.

Sua loucura.

A alma deixa.

Branqueada.

Extasiada.

Invertebrada.

Tanta brancura.

Redime.

Liberta.

Salva.

Sua candura.

Transforma.

Vazio.

Nasceria.

O dia.

Sem esta estátua.

E os soluços.

Desta miragem.

Tão branda.

Tão branca.

Que fica quase.

A ser.

A única.

Viagem.

Que importa.

MÍNIMO & VASTO

Uma cadeira
à espera.

E tudo à volta
silêncio…

POEMA NUM GESTO LARGO

Poeta do corpo.

Poeta do verbo
para quem tudo o que à volta
do corpo anda
é muito mas não importa.

Poeta desde este globo
onde parece que anda
até ao fim do Universo,
onde já nada conta.

Acordado está
como se estivesse dormindo
e tudo o que vê
é sonho, é louco
e é lindo.

Borda o destino
com uma consciência de
linho branco.

Chamam-lhe repentino,
desatino,
em gestos doidos.

Mas não se importa,
que tudo isso é contrário
ao seu vagar.

Ah! Poeta!
Não te rales.

Deixa-te em doideiras
continuar sempre a divagar.